Pacote CVC para Lençóis Maranhenses gta campinas

Pacote CVC - Dia a Dia




1º dia - São LuísChegada no aeroporto de São Luís (Marechal Cunha Machado) com recepção da CVC, local é realizado o traslado até o hotel escolhido.

2º dia - Passeio Histórico em São LuísDuração 3 horasO passageiro sairá para conhecer as belezas culturais do centro histórico de São Luís, consagrada Patrimônio da humanidade, com casarões de azulejos Portugueses, mirantes e sacadas, igrejas com altar estilo Barroco Rococó, Igreja de influência gótica e estilo manoelino, tendo como destaque palácios, ruas, botecos e ladeiras de pedra de cantaria. Com visitação a Casa do Maranhão que retrata o acervo da manifestação cultural Bumba-meu-boi. Em seguida, o turista visitará a feira da Praia Grande para conhecer as iguarias e Souvenir do Maranhão, além das belas praças com nomes de personagens que marcaram épocas, lendas e curiosidade da localidade.

Obs.Conforme o dia da semana, as visitas nas casas culturais e museus e igrejas e etc, segue conforme horário de funcionamento ao publicoCaso o passageiro queira, poderá fazer passeios opcionais pelo centro histórico, porém estes não estão inclusos no valor do pacote. São eles Compras de Artesanatos (Ceprama - Centro de produção artesanal do Maranhão) e City Tour Noturno - Passeio panorâmico para conhecer as partes iluminadas do centro histórico, em seguida levar parada no restaurante (refeição não inclusa) levando o grupo para apreciar o Reggae (a combinar com o guia).

3º dia - São Luis / Barreirinhas - Lençóis Maranhenses - Passeio às LagoasDistância da capital 260 km (aproximadamente 3h30 de viagem). Duração dia inteiro. O passageiro sairá do hotel a partir das 7h com uma rota de hotéis a ser cumprido com destino aos Lençóis Maranhenses. Terá traslado em veículo com ar condicionado, parada de 15 minutos no apoio em uma pousada na cidade de morros, seguindo com destino à cidade de Barreirinhas. Haverá passeio às Lagoas saída em veículo 4x4 (Toyota) a partir das 14h00 com uma rota de hotéis a ser cumprida, que conduzirá o passageiro até o ponto onde é feita a travessia em balsa, que dá acesso ao Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, de aproximadamente 155 mil hectares de dunas de areia. O percurso da trilha dura em média 45 minutos. Inicia-se a caminhada nas lagoas, seguindo a pé em caminhada de aproximadamente 20 minutos até a Lagoa seguinte.

4º dia - Passeio pelo Rio PreguiçasDuração Dia inteiro. O Preguiças é um rio volumoso nascido no interior do Maranhão ele passa por Barreirinhas (cidade dos Lençóis Maranhenses) e segue em direção aos Pequenos Lençóis, até se encontrar com o mar, com mangues e dunas em suas margens. Alguns minutos visita Mandacaru, um povoado que se origina a Partir do Farol das Preguiças faz-se uma parada para subir o Farol opcional (taxa de subida não inclusa no valor pacote), onde é possível observar uma bela vista de toda a região (dunas, rios, vegetação). Seguindo para praia de Caburé, península situada entre as margens do Rio Preguiças e o Oceano Atlântico, com pousadas e restaurantes rústicos onde serão servidos frutos do mar e muita tranqüilidade (almoço não incluso). O rio fica aos nossos pés e o mar à 300m, tornando o lugar privilegiado.

Caso o passageiro queira, poderá fazer passeios opcionais em Barreirinhas, porém estes não estão inclusos no valor do pacote. São eles Lagoa Bonita - saída sempre pela manhã em veículo 4x4 (Toyota), o percurso da trilha dura em média 1 hora. Segue até um ponto de apoio, onde se inicia a caminhada até as dunas. Para chegar à Lagoa é necessário subir uma duna de 20m, logo no início da caminhada, pois é um visual incrível. Tempo livre para curtir a Lagoa. O outro passeio opcional é na Casa de Farinha - saída de Barreirinhas em uma embarcação subindo o Rio Preguiças em direção ao povoado de Tapuio, onde visita-se uma tradicional casa de farinha e aprende-se sobre sua produção artesanal. Duração do Passeio meio período.

Obs.Para que o passeio opcional aconteça tem que haver a formação de grupo.

5º dia - Barreirinhas / São LuisApós check out e horário estipulado pelo receptivo é feito uma rota de hotéis na cidade e posteriormente seguindo viagem para São Luis.

6º dia - São José de Ribamar / Raposa e Ilha de CarimãDuração 6 horas. Este passeio é apenas uma sugestão para o dia, não estando incluso no valor do pacote.

O município de São José de Ribamar é um balneário religioso, sede do Padroeiro do estado do Maranhão, situado a leste da ilha, lá o visitante conhecerá o Monumento a São José com 17m sobre uma base de 9m onde está o museu dos ex-votos, uma réplica da Gruta de Lourdes, a igreja com seus vitrais confeccionados pela Geuka (a 4º geração de artesãos em vidro que realizaram os vitrais da catedral de Colônia na Alemanha). O visitante irá até o município de Raposa, uma vila de pescadores, onde tomará uma pequena embarcação para navegar em meio às florestas de mangue, onde será visitado um pequeno criatório de ostras (conforme período de estação do marisco).

O passageiro avistará a ilha de Curupu com paradas em Itaputiua - uma praia afastada e Carimã - uma espécie de maquete dos Lençóis Maranhenses (as fronhas com dunas, lagoas e praias, sujeito aos ciclos da natureza. Na volta, o visitante fará uma parada para compras nas rendeiras, pois o município é conhecido por sua Renda de Bilro. Antes de partir para o hotel, o visitante experimentará a culinária da região, a combinar com o guia (almoço não incluso).

Obs.para que o passeio aconteça tem que haver a formação de grupo.

7º dia - City Tour CulturalDuração 3 horas. Este passeio é apenas uma sugestão para o dia, não estando incluso no valor do pacote.

São Luis, cidade com fortes características Lusitanas, retrata o aspecto histórico, arquitetônico e cultural com destaque museus, morada histórica, casa da cultura, cria-se o tour cultural com objetivo de informar o visitante dos costumes e tradições da cidade que é titulada Patrimônio Cultural da Humanidade.

O passeio acontece com visitações aos Museus, Moradas Históricas, Casas de Festas e Praças, com parada para fotografias e informações turísticas.

Obs.conforme o dia da semana, as visitas nas casas culturais e museus e igrejas e etc, segue conforme horário de funcionamento ao publico.

8º dia - Partida de São LuísO passageiro terá o traslado para o aeroporto no horário estipulado.

Importantetanto a ordem quanto a disponibilidade dos passeios estão sujeitas a alterações sem prévio aviso, em função de variações climáticas ou operacionais.

 

 

Por mais que fotos, folhetos de viagem, vídeos caseiros ou documentários profissionais sejam um preparo para o que se vai encontrar nos Lençóis Maranhenses, nada diminui o impacto de estar integrado a essa imensidão de dunas e lagoas. Quem observa esse cenário lá de cima, num voo de monomotor, tem logo uma panorâmica do mosaico de areia e água cor de esmeralda do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses.

Entre maio e agosto, as lagoas estão cheias e a paisagem, em plenitude. Em setembro, elas começam a secar. Na última semana de julho, acontece a Vaquejada, com shows folclóricos. Em agosto, estrangeiros desembarcam em peso por lá.

Preparo físico e disposição para longas caminhadas sob sol forte são vantagens competitivas para esquadrinhar dunas, refrescar-se nas lagoas, pernoitar em vilarejos de pescadores – uma aventura que só deve ser encarada, claro, com o auxílio de guias. Para entrar no parque, a opção mais procurada é Barreirinhas, onde ficam resorts abertos há menos de uma década, pousadas e agências que organizam passeios. Mas é possível fazer isso também a partir dos vilarejos de Atins e Caburé, paradas obrigatórias dos passeios de barco pelo Rio Preguiças, a leste do parque, e Santo Amaro do Maranhão, a oeste. Esse último é dos lugares menos explorados, com dunas ainda mais impressionantes e lagoas cristalinas que ainda não são visitadas por grupos numerosos de turistas.

Veja mais detalhes de passeios e atrações em O que fazer em Barreirinhas.

A vista clássica

O sobrevoo de monomotor é a única maneira de ver, de cima, toda a extensão do Parque Nacional, com suas lagoas sazonais. Mas vale lembrar: o aeroporto da cidade não é homologado e, consequentemente, o passio não tem como ser regularizado, o que dificulta ainda mais a fiscalização do brevê do piloto.

COMO CHEGAR

Ônibus da empresa Cisne Branco (3243-2847, www.cisnebrancoturismo.com.br) saem diariamente de São Luís para Barreirinhas em quatro horários (6h, 8h45, 14h e 19h30; R$ 28). A BRTur (3236-6056 e 9114-5813) faz o trajeto de van, às 5h e às 8h, e cobra R$ 40 por pessoa, com a conveniência de buscar o clienteno hotel. Se for de carro, utilize a BR-135 e a MA-402 – há sinalização, apesar de algumas placas estarem em más condições.

COMO CIRCULAR

Além de mototáxis, onipresentes nas ruas de Barreirinhas, há táxis a preços acessíveis. Quem se hospeda no Centro pode caminhar até a Avenida Beira-Rio,  que abriga a maioria dos restaurantes e bares. Para conhecer dunas e lagoas, é preciso contratar passeios de jipe.

ONDE FICAR

Boa parte das hospedagens está em Barreirinhas, mas o agito da cidade pode incomodar quem procura por paz. Ali também ficam todas as agências de turismo e o comércio. Para uma imersão completa na natureza, rume para os pontos mais distantes: Atins, Caburé e Santo Amaro. Os municípios são vizinhos a dunas pouco exploradas, mas têm pousadas com estruturas simples -- esqueça banhos quentes, caixas eletrônicos, sinal de celular e internet. Novidade: entre 2011 e 2012 foram abertas duas pousadas em Atins, a Cajueiro e a Maresia.

O GUIA QUATRO RODAS BRASIL fez uma seleção de hotéis, pousadas, restaurantes e atrações, divididos de acordo com as quatro cidades/vilas na região dos Lençóis Maranhenses: AtinsBarreirinhas,Caburé Santo Antônio do Maranhão

ONDE COMER

A Avenida Beira-Rio, em Barreirinhas, concentra os principais estabelecimentos. Fora dali, o Bambaê é uma boa opção. Em Santo Amaro do Maranhão, vale experimentar o camarão-da-malásia, nas pousadas Cajueiro e Água Doce. E não volte de Atins sem provar o camarão do Da Luzia. Em Caburé, coma o robalo da Península do Caburé.

Veja mais em Onde comer em Barreirinhas.

QUANDO IR

A melhor época para conhecer os Lençóis Maranhenses é de maio a agosto, quando as chuvas já passaram e encheram as lagoas. Ainda assim, fique atento: quando não chove bastante, as lagoas podem ficar secas. A Vaquejada é em julho, e o mês preferido dos gringos é agosto. Neste mesmo período as temperaturas podem ser surpreendemente baixas, com mínimas abaixo dos quinze graus.

Dica: vale ligar para o ICMBio (98/3349-1267) e confirmar se as chuvas foram suficientes para encher as lagoas -- o que não ocorreu em 2012.

SUGESTÃO DE ROTEIROS

2 dias -- Invista em conhecer Atins, vilarejo que é a entrada leste para o Parque Nacional, onde estão as lagoas Verde e do Mário, menos frequentadas por turistas. O melhor caminho é aproveitar o passeio de barco pelo rio Preguiças com paradas em Caburé e no Farol Preguiças, de onde se avista o encontro do rio com o mar. Uma vez lá, não deixe de experimentar o camarão do restaurante da Luzia.

 

 

 

5 dias -- Em Barreirinhas, divida o tempo entre as lagoas mais famosas e frequentadas, a Azul e a Bonita. Prefira os passeios no final da tarde, quando o caminho da volta ganha o adicional do pôr do sol entre dunas e lagoas. Pela manhã, faça o passeio da boia pelas águas calmas do Rio Formiga. E, para fechar o dia, vá a Avenida Beira-Rio, onde restaurantes e quiosques ficam cheios de gente e garantem uma noite descontraída.

7 dias -- Aproveite os dias extras para ir a Santo Amaro do Maranhão. Ainda mais deserta que Atins, a cidade tem acesso difícil, por estrada de areia. Uma vez lá, as lagoas mais selvagens e bonitas dos Lençóis -- Gaivota e Betânia -- fazem o esforço valer a pena. Se tiver fôlego, vale explorar o parque em uma caminhada (somente com guia) até o povoado de Queimada dos Britos. Nos restaurantes, prove o camarão-da-malásia.

 

 

Segredo entre Lençóis

Na porta dos fundos dos Lençóis Maranhenses, uma rota alternativa dá acesso à bela e simples Santo Amaro

 

"Sangue"... o nome do lugar aparece na placa em letras maiúsculas, carcomida pela ferrugem e já meio sem tinta. Tanto no significado quanto na aparência, a indicação lembra os signos de antigos mapas do tesouro, um delírio possível aos cultores dos quadrinhos, dos livros de aventura e do cinema. Mas, neste caso, fantasia e realidade se misturam mesmo: essa é a pista, ou melhor, a placa que sinaliza o momento de abandonar o asfalto da MA-402, às margens do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, e tomar a estradinha secreta, digo, de areia, até Santo Amaro do Maranhão. Essa pequena e preciosa cidade é, por assim dizer, a porta dos fundos do parque, já que é menos conhecida e agitada do que Barreirinhas, base do turismo na região.

Naturalmente é uma experiência um tanto mais rústica, a começar pelo longo caminho no areião, pelas singelas opções de hospedagem e alimentação, pela simplicidade do comércio e dos serviços e outras circunstâncias típicas de um lugar remoto. Vamos imaginar que tudo isso é um baita problema e falar de certas compensações. No reino de Santo Amaro as dunas são mais altas e têm areia mais branca do que as de Barreirinhas. Há um recanto espetacular, a Lagoa da Gaivota, a poucos minutos da cidade. Não há filas para coisa alguma ou caravanas de toyotas nos envenenando com fumaça de óleo diesel nem grupos de excursão fazendo tchibum nas plácidas lagoas azuis. Pela manhã, bem cedinho, ouvem-se os galos, não o alarido e o buzinaço da turba partindo para os passeios. As prainhas que o rio Alegre inventa quando atravessa Santo Smaro são de um capricho e uma graça que suplantam as do rio Preguiças em Barreirinhas. Mas, por favor, siga o mapa e não espalhe.

Balançando na boleia

Há uns 15 anos, contratar uma Toyota em Barreirinhas era tarefa casca-grossa. Havia muitas delas por lá, mas poucas destinadas a passeios. a mesma coisa com os barcos do rio Preguiças, que antes atendiam principalmente a população dali e alguns fins de semaneiros dos arredores ou da capital. A adequação da estrada e os esforços da indústria do turismo acabaram revertendo a situação: há tantos desses veículos e seus turistas de lá pra cá que chega a dar gastura (aflição, em maranhês). As pousadinhas familiares deram lugar a outras bem mais arranjadas, algumas até com prainhas exclusivas, e também hotéis, agências de excursão, restaurantes, sorveterias, lan houses... Barreirinhas agora está na moda, cheia de gente.

Se não é exatamente isso que você imagina para sua experiência nos Lençóis, a senha é: "sangue" (não há como esquecer). Junto à placa enigmática presa a dois toscos pedaços de pau fica uma casinha muito vermelha, misto de residência e comércio que serve também de ponto de encontro, chegadas e partidas. É o centro nervoso desse povoado à beira da estrada e, depois dali, será preciso contar com um veículo adequado para chegar a santo amaro.

E, nesses domínios que se estendem a perder de vista atrás da casinha vermelha, veículo adequado é sinônimo de Toyota, um dos personagens mais importantes desta história. Não é novidade (nem merchandising), sua versatilidade e sua robustez mecânica são sempre citadas como ideais diante das agruras da geografia e do clima brasileiros. Na região dos Lençóis, onde tudo é água e areia sobre areia, essas caminhonetes, que os mais jovens conhecem como picapes, tornaram-se uma instituição. Para não dizer entidade.

A maioria dos caçadores de tesouros solicita o serviço dos toyoteiros nas agências de turismo de São Luís. Contatos obtidos com amigos ou amigos dos amigos também podem ajudar nessa hora, evitando acrescentar uma mala sem alça na bagagem. Há também os que chegam com carro próprio e tracionado, entre eles macacos velhos que primeiro ouvem as instruções dos motoristas locais, cabras tarimbados naquelas estradinhas manhosas. De cara recomendam murchar os pneus para fazer o animal projetar suas garras e cravá-las nas areias. mesmo como passageiro, é bom entrar no espírito, compreender essa liturgia e acostumar-se com as vibrações cardíacas das Toyotas porque boa parte dos dias nesses quadrantes vai se desenrolar na boleia de uma delas.

Água que deus manda

Santo Amaro do Maranhão tem pouco mais de 13 mil habitantes, uma dúzia de ruas e, não fosse por um ou outro trecho de vias com pedras de calçamento, dava para dizer que é uma cidade nas areias. Casinhas simples, pequenas quitandas e armazéns e uma praça central harmonizam com a natureza da região, pontuada por dunas, buritizais, tufos de palmeira juçara (açaí, em maranhês).

Sua economia, bastante baseada no turismo, gravita ao sabor da peculiar climatologia da região, na qual só existem duas estações: verão (quando não chove) e inverno (quando chove). O verão vai de julho a dezembro, mês que quase sempre termina sob as primeiras tempestades. É no período do inverno, contudo, especialmente entre maio e julho, que a água que Deus manda preenche completamente os baixios entre as dunas e finaliza aquelas pinturas, arte zen da natureza, com lagoas azuis entre montanhas de areia semovente. Mais que apenas elementos em uma paisagem sublime, esses recantos servem também como playground, já que se pode subir e descer nas dunas, nadar nas lagoas ou simplesmente se acomodar em um canto para uma meditação.

Portanto, estando em Santo Amaro e com um toyoteiro legal, a rotina fica resumida a acordar cedo, definir o passeio do dia e entregar-se às surpresas do caminho e do destino. Em nossas jornadas, por exemplo, conhecemos as mais formosas lagoas e dunas escondidas onde raramente se percebe algum sinal de presença humana. Essa sensação de autêntico isolamento, hoje tão rara, repetiu-se no recorte litorâneo de travosa, um povoado a oeste de Santo Amaro. Como ainda conseguimos nos colocar assim, tão sozinhos, em um mundo fenético e superpovoado?

Foi em travosa também que nos envolvemos em um acidente. Durante o café da manhã arranjado em uma residência, um cano d’água arrebentou. Nelton, o toyoteiro, e raimundo Cabeludo, caseiro em nosso endereço de Santo Amaro, logo estavam na lida ajudando o dono da casa, velho compadre. Ficamos mais que o planejado, porém nos esbaldamos com os diálogos que iam vazando enquanto se tentava solucionar o problema e as digressões da esposa do homem, que é professora, sobre as dificuldades da escola local... momentos luminosos que uma viagem mais planejada não proporciona.

Em Betânia, descobrimos que o chefe da família que serve refeições aos viajantes, seu Chico Calixto, marido de dona Maria das Chagas, é também o amo do boi (responsável pelo grupo de bumba meu boi local e também seu principal cantador, em maranhês). Depois do excelente almoço regado a goles de uma fortíssima cachaça azul conhecida como tiquira, ele se dispôs a se sentar com a gente e resgatar algumas das mais antigas toadas da paróquia recheando a cantoria com memórias de festas ao luar, lindas moças de saia rodada e caboclos que se lançavam em lendários desafios de rimas.

Pura mansidão

Como todo mundo sabe, lugares como Santo Amaro do Maranhão, que combinam vocação turística, riqueza cultural e uma natureza dessas, costumam degradar-se rapidamente quando chega o asfalto. É verdade que esse betume espesso, obtido das entranhas da terra, facilita o acesso, traz recursos, melhora a qualidade de vida no que diz respeito à saúde e à educação, apenas para citar dois aspectos. todavia, é sobre esse tapete orgânico, outrora matéria vivíssima a povoar o planeta, que chega também o turismo de massa invariavelmente antes de os projetos de infaestrutura, como os de água e esgoto, saírem do papel - e por vezes nunca saem.

Santo Amaro parece não se preocupar muito com isso, ao menos por enquanto. Há na cidade alguns sinais de incivilidade, como lixo espalhado e toyotas circulando em velocidades incompatíveis com o vaivém de gente, mas a mansidão é dominante. Nos fins de semana, aumentam as chances de alguém ligar a radiola (sistema de som, em maranhês) e partilhar seu hit parade com a vizinhança até tarde da noite, e aí só resta rezar para que a programação seja boa. Seduzidos pela magnitude do chamado "deserto brasileiro" (entre aspas, pois não é um deserto de fato), tomados por percepções extraordinárias surgidas depois de mergulhos na água cristalina das lagoas e dos rios, ao fim do dia os viajantes tendem a estar esgotados e felizes demais para se preocupar. Nesses momentos de quase êxtase, qualquer coisa parecerá um grão de areia.

Bumba meu boi

A farra boa de junho

Junho é mês de São João, o que no Maranhão é sinônimo de bumba meu boi. O auto, ou "brincadeira", que mistura as tradições europeia, africana e indígena acontece nos últimos dez dias de junho e envolve quase toda a população. Os "batalhões" - nome dado aos grupos - surgem nas ruas, quadras e terreiros ao som de bravíssima percussão cantando e dançando sob roupas brilhantes e chapéus de pena e de fita, entre outras alegorias. O boi cenográfico, aparentemente vivo por conta da habilidade do homem que está ali dentro, salteia e avança furioso excitando a turba e desafiando os vaqueiros, personagens da trama. Embora ocorra em todo o estado, é em São Luís, a capital, que a maioria dos grupos de boi se reúne se revezando nos encontros de rua e nos espetáculos organizados pelo poder público. O bairro de Madre de Deus é um dos mais tradicionais nesse festejo. E, além da brincadeira do boi, nesta época são grandes as chances de trombar com uma roda de tambor de crioula, outra marcante manifestação popular, já reconhecida como Patrimônio Nacional. Tanto pela expressão cultural quanto pela grandeza, o São João maranhense não deve nada a outros encontros juninos Brasil afora. Mais que isso, sua originalidade nos obriga a dizer que se trata de um folguedo único, incomparável.